domingo, 14 de outubro de 2007
Sunyani ou a minhas longas tranças
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
Kakum National Park
Cape Coast
No dia seguinte choveu. O dia todo. Por isso comprámos três impermeáveis, todos com tons pastel: rosinha, verdinho e roxinho...pareciamos saidas de um livro para crianças.
Também por ter chovido o Fetu Afaye atrasou-se, o que nos deu tempo para visitar o castelo de Cape Coast...o mesmo recital de barbaridades...menos emocionante mas mais triste por causa da chuva...
Pela uma de tarde, depois da visita ao castelo...FETU AFAYE!!! O festival. É como um desfile...com os chefes empoleirados numa cama, muito bem vestidos e adornados de ouro...Quatro senhores carregam o chefe na cabeça e fazem-no dançar ao som de tambores (não gostava de ver um Rx daqueles pescoços!). Os tambores também vão na cabeça e são tocados muito energicamente (não gostava de ver os tímpanos desta gente, devem estar todos surdos!)
Aparentemete todas estas funções, de chefe a toca-tambor, são de caracter hereditário.
Para além dos chefes, desfilam também os reis e rainhas das 7 companhias Asafo (os grupos guerreiros dos Ashanti). Tivemos a honra de conhecer a rainha da 4ª Companhia.
Há cor e música e no fim do desfile todos os chefes, reis, rainhas e as suas respectivas cortes e seguidores se reúnem num enorme espaço que existe apenas para este efeito e que está votado ao abandono o resto do ano. É uma grande praça, com bancadas para o povo, e à frente das bancadas estão postas cadeiras debaixo de tendas, para a realeza e chefias.
É dificil descrever...mas o certo é que há discursos e desta vez o presidente, que se me tinha escapado da outra vez, deu ares da sua graça com um larguíssimo e ininteligivel discurso.
Também estava prometido o Kofi Anan mas fez a desfeita de não aparecer :(
Elmina
domingo, 2 de setembro de 2007
Desde o Paraiso
Ada-Foah está nas margens do Volta, próxima do sítio onde este se junta ao mar e portanto depois do Lago Volta. Vive da pesca e do turismo.
O Volta abre-se para formar um estuário, um outro lago onde para além de schistossomas abundam pequenos carangueijos metidos dentro de buzios.
O estuário está separado do mar por uma estreita língua de areia e contam cerca de 20 ilhas, todas elas habitadas. Ficamos a dormir em cabanas muito perto do fim do rio, entre o lago e o mar, rodeadas de palmeiras e coqueiros. A areia e branca e a comida e óptima e tudo isto constitui o Paraíso.
Chegar ao paraíso não é fácil. Requer uma hora dentro de uma canoa que mete água, e um escaldão nas costas quando se chega ao meio-dia.
No Paraíso não há água quente, nem chuveiros, nem casa de banho. No Paraíso o banho é dentro de um balde e a sanita é uma caixa com um buraco. Não é menos paraíso por isto.
No Paraíso trabalha o Winfred que começou smal-smal e ambiciona ter 25 cabanas em Ada-Foah e esta quase a abrir outro paraíso em Keta.
Neste paraíso o mar é bravo e a areia da praia repleta de carangueijos e lixo. O lixo da grande Accra, trazido pirmeiro pelas chuvas e depois pelas correntes e mares.
Digo que é o Paraíso porque tem tudo para o ser e eu imagino este sitio daqui a 10 anos. Imagino água canalizada e quente, imagino uma praia limpa e imagino voltar aqui para que as crianças do Winfred possam ensinar as minhas a trepar coqueiros.
Eu não posso trepar coqueiros, é preciso aprender de criança, e por isso apanhei um coco do chão...gentilmente o Winfred abriu-mo (bem tentei ser eu a abri-lo mas parece que a faca de mato e eu não nos entendemos) e estava vazio. Explicou-me então que os cocos que caem no chão não sao bons e ofereceu-me um dos que tinha para vender.
O Winfred usa um gorro cor-de-rosa, da cor dos seus sonhos. Do sonho de subir na vida, de estar lá bem alto antes dos 30. Desejo-lhe o melhor possível e em 10 anos volto para ver que tal.
A mãe do Winfred é de Ada-Foah o pai é de Keta. De Ada-Foahy a Keta vai-se de barco e de tro-tro. Desta vez o barco e a motor e demora meia-hora. No caminho (porque é sábado) vemos uma serie de funerais, porque os mortos aqui só se enterram no fim de semana em clima festivo.
Keta tem uma Lagoa, a maior lagoa natural do oeste africano. Nas suas margens planta-se arroz, o arroz que alimenta o pais. Keta tem um castelo (construido pelos Dinamarqueses) em ruinas. E o último castelo na costa do Ghana.
sábado, 25 de agosto de 2007
O Milagre da Vida
Mas depois dos gritos, depois das contraccoes, depois de empurrar, depois de passar a cabeca e o resto...depois de tudo isto...o momento exacto em que entra ar nos pulmoes daquela coisa pequenina, cheia de sangue e pegajosa...esse momento em que se da o milagre da vida...e duma extrema beleza. E nao esquecerei nunca este primeiro bebe e o segundo em que o ar entrou nos pulmoes dela.
Os seguintes foram menos impressionantes mas ainda assim, cada parto e um parto, cada mae e uma mae...
De todas as formas, agradeco enormemente nao ter que parir aqui...as maes estao deitadas numa zona e chegado o momento vao pelo seu prorio pe para a sala de partos...quando sai o bebe e depois a placenta, levantam-se e voltam pelo seu proprio pe para a cama de onde vieram. Para juntar a isto cada mae tem que trazer um balde, um frasco de desinfectante, uns 4 panos, os pensos higienicos, a vaselina, e tudituditudi...aquilo que nao trazem com elas e-lhes cobrado no momento...nao sei o que acontece se nao trazem dinheiro...
E tudo sem uma palavra de parte das enfermeiras/parideiras...talvez o unico que e dito a estas maes e shim, shim, shim (push, push, push).
Nao sei como e um parto na europa, nunca vi nenhum, mas espero e desejo que seja diferente...com mais compaixao...logo verei.
domingo, 19 de agosto de 2007
The Volta Region
O fim de semana foi muito interessante. Aprendi coisas cruciais para a minha sobrevivência por aqui. Aprendi por exemplo que os taxistas pedem sempre o dobro daquilo que vale a viagem e que é necessário regatear. Aprendi que o tempo realmente não importa...aquilo que parece perto pode não o ser, o que parece fácil pode demorar uma eternidade...
Fui para a região do Volta, que vem a ser o maior lago artificial do mundo...foi construido há cerca de 40 anos por uma empresa americana que curiosamente tem direito a 2/3 da energia produzida...o país não tinha os meios económicos necessarios para a construção e foi explorado (como muitos)...parece que este direito acabará em não muito tempo. A barragem, em Akobongo, fornece energia a quase todo o país, ao Togo e ao Benim.
A viagem comecou em Accra com 3 suiças que já cá estão há umas semanas...já sabem os truques quase todos e foi, para mim, como um curso de sobrevivencia.
De Korle bu apanhámos um taxi em direccão a Tema Station (que é uma estação de tro-tros). Esse taxi, aparentemente só tinha capacidade para 3 pessoas e eramos 4 de modo que quando passámos pela polícia tivemos que sair do carro e tentar apanhar outro. Conseguimos e lá chegámos a Tema Station que não era bem aquela onde deviamos ir...andamos um pouco e finalmente compramos o bilhete Hohoe. Os tro-tros não saem enquanto não estiverem cheios, o que é inteligente, mas pode implicar esperar duas horas...
Finalmente saímos de Accra e em cada sitio onde paravamos uma avalanche de gente rodeava o tro-tro com comida, água e mais alguma coisa para vender. Numa destas paragens, contra todos os conselhos dados pelos médicos em espanha e também contra o bom senso, comprei uns mechilhões. Tentei comer um mas não consegui...sabia a qualquer coisa que me ia deixar doente...assim que prudentemente devolvi-os a procedencia.
Seguimos caminho e de chegada a Hohoe conseguimos arranjar um taxi que por 140 000 cedis (14 euros) nos levou à pousada para deixar as coisas e depois as Wli waterfalls...
As Wli waterfalls caem da montanha que separa o Ghana do Togo. São duas, a lower e a upper...como chegámos tarde só pudemos ir a lower...depois de 40 minutos através de floresta tropical (lindo!!!). A lower tem 50 metros de altura e a upper não faço ideia. Ao lado das falls as paredes da montanha estão repletas de morcegos que comem fruta e abandonam a montanha pontualmente às 6 de tarde...às 6 e 15 o céu é uma nuvem negra...
O guia arranjou-nos cacau fresco...quando se abre tem sementes e uma especie de polpa branca que se chupa e que e muitíssimo bom...
Voltámos, jantámos e dormimos. No dia seguinte, fomos pequeno-almoçar panquecas com o melhor doce de manga do mundo e depois saimos em direcção a Atome onde há um Monkey Santuary...pagamos um balurdio, que parece ser normal, e fomos levadas a ver uns macaquinhos durante uns 15 minutos. Outra vez passeio pela floresta tropical. É de remarcar que há imensas borboletas por aqui e que é mesmo bonito vê-las voar pelo meio da selva.
Depois dos macacos seguimos viagem em direcção ao sul. Parámos para dormir em Atimbuko, onde o lago volta a ser rio. A paisagem e esplendida e na primera oportunidade penduro uma fotografia. Foi muito bom. O rio, a ponte, o verde, o jantar, a companhia, a cerveja...
No dia seguinte fomos ver a barragem...com direito a engenheiro e tudo para nos guiar. Pelos vistos a casa de férias do presidente é nas proximidades e estava previsto vir nesse dia...não o apanhámos por pouco :)
Estamos na estação das chuvas mas não tem chuvido muito de maneira que só têm duas das seis turbinas a funcionar...coisa que explica os ocasionais cortes de energia em Accra. Por motivos de seguranca nacional ??? não é permitido fotografar a zona da barragem onde se faz a distribuição da energia...o engenheiro não soube explicar porquê e parecia saber da existência de satelites...
Depois voltamos a Accra, alguns 100 km em duas horas e meia (e o tempo africano).